Mapa Mundial da Sabedoria — Um repositório vivo de lições de vida

Cláudia Coleoni
7 min readDec 28, 2020

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Histórias de sabedoria espalhadas pelo mundo

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“Hey, Claudinha! Eu acabei de indicar você para compartilhar uma lição de vida para a iniciativa World Wisdom Map (Mapa Mundial da Sabedoria, em tradução livre) desenvolvida pelo Project FUEL!”. Eu não sabia muito bem o que significava essa indicação, mas eu a aceitei prontamente. Compartilhar histórias de sabedoria com os quatro cantos do mundo era exatamente o tipo de projeto feito sob medida para o meu eu ‘cidadã global’. Era um convite irrecusável. “Hey, Leo! Tem tudo a ver comigo. Tô dentro!”. Eu, meu amigo Leonardo Capel e Gabriela Marques-Schäfer compartilhamos nossas histórias pessoais como lições de vida vindas do Brasil. Aliás, o Leo acabou de lançar um livro com inúmeros insights de sabedoria — “O Dilema dos Millennials” (recomendo muito, e vai bem na pegada de que todos nós temos dilemas, medos, oportunidades, ou seja, não estamos sozinhos nessa jornada de aprendizados). Bom, para encurtar a história: eu e o Leo temos o indiano Deepak Ramola como um contato em comum. Deepak é um incrível contador de histórias que fundou o Project FUEL. Nós o conhecemos em 2016 lá em Nova York durante um evento voltado para jovens (World Merit 360) para criar soluções aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O Deepak convidou o Leo para participar do Mapa Mundial da Sabedoria e, em seguida, o Leo me chamou para juntar forças. Ah, e assim como o Leo, o Deepak também lançou um livro cheio de insights de sabedoria — “50 Toughest Questions of Life” (“As 50 Perguntas Mais Difíceis da Vida”, em tradução livre, disponível até o momento em inglês e em hindi). Sim, acho que já está na hora de eu escrever e publicar meu próprio livro em algum momento, também no estilo millennial.

Os caminhos que levam à sabedoria nos mostram que somos muito mais parecidos do que pensamos. Confira o Mapa Mundial da Sabedoria e todas as maravilhosas obras de arte de 10 artistas do Sudeste Asiático junto com jovens estudantes incrivelmente talentosos.

Depois dessa introdução para ‘conectar os pontos’, chegou a hora de compartilhar alguns fatos sobre o Mapa Mundial da Sabedoria. São mais de 370 histórias inspiradoras vindas de 195 países. Você pode filtrar essas histórias de sabedoria em várias categorias — região geográfica, emoções, resultados, descobertas, valores, motivações e relacionamentos (você pode descobrir cada uma delas aqui). Para os apaixonados por ciência de dados como eu, você pode explorar as ‘narrativas dos dados’ — quais os padrões, insights e filosofias sobre como as pessoas aprendem individual e coletivamente? Não importa em que parte do mundo estejamos, nossas lições de vida reúnem experiências que podem ser comuns a muitos. Por exemplo, a minha lição de vida veio com as seguintes categorias: felicidade, gratidão, realização, self (o ‘eu próprio’), esperança, bondade, gratidão, apreciação, amor, crescimento, visão, respeito, positividade, amigos, sociedade. Tomemos como exemplo a palavra ‘realização’. ‘Realização’ é ressaltada na história de uma mulher de 29 anos do Quirguistão, de um homem de 34 anos do Iraque, de uma mulher de 28 anos de São Tomé e Príncipe e muitos outros. Parafraseando a Dra. Maya Angelou, entre regiões geográficas, emoções, resultados, descobertas, valores, motivações e relacionamentos, “somos muito mais parecidos do que imaginamos”. E é nesse contexto que eu trago minha lição de vida:

Fique em paz consigo mesmo e apaixone-se pelas ‘idas e vindas’ e pelos ‘apegos e desapegos’ da vida. A vida tem sua própria maneira de transformar dúvidas em possibilidades.

(Você pode ler a publicação original da minha história neste link da página do Mapa Mundial da Sabedoria).

Esta é a história por trás da minha lição de vida em três cenas.

Cena 1: Sussurrando ao vento

Vista da ilha do Campeche em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, Sul do Brasil. Crédito da foto: Cláudia Coleoni

Enquanto observava o Oceano Atlântico na cidade de Florianópolis, Sul do Brasil, sussurrei ao vento: “A vida realmente sabe como transformar dúvidas em possibilidades, não é mesmo?”. Em uma tarde ensolarada de dezembro de 2019, comecei a conectar os pontos. Minha mente voltou a março de 2019, dias antes de concluir minha jornada de Mestrado em Ciências no Reino Unido. “Qual é o próximo passo?” — essa era a pergunta que eu me fazia frequentemente. Eu não tinha ideia para onde acabaria indo — poderia ser o próprio Reino Unido, Brasil, Holanda, Suécia, Suíça, Zâmbia, Colômbia e até mesmo a China. Quatro continentes de uma vez só.

Para responder a essa pergunta, primeiramente eu tinha que voltar meu olhar para dentro e estar em paz comigo mesma, reconhecendo o que era mais importante para mim. A vida vem em ciclos — para começar um novo ciclo, é preciso terminar o atual, por mais encantador que tenha sido. Aos poucos, aprendi a beleza do desapego e o valor das ‘idas e vindas’ da vida. Esta combinação me permitiu expandir meus próprios horizontes. Estava determinada a continuar a catalisar os esforços locais e regionais em direção à sustentabilidade, particularmente na região da América Latina (um objetivo sonhado já há muito tempo). Fiz minhas malas com gratidão por todas as belas amizades, paisagens e aprendizados, e voltei à fonte inicial de inspiração — Brasil, meu país de origem.

Cena 2: Fluindo como o rio

O majestoso Rio Piracicaba na minha cidade natal Piracicaba, estado de São Paulo, Brasil — uma fonte constante de inspiração para todas as estações da minha vida. Crédito da foto: Cláudia Coleoni

Estava maravilhada ao observar o majestoso Rio Piracicaba [1] em minha cidade natal com meus queridos pais. Era como se o rio da minha infância sussurrasse para mim: “Não importa quantas vezes você vá lá fora no mundo para se encontrar, você é sempre bem-vinda aqui. Você não precisa se provar; você não precisa merecê-lo. Você pode ir e vir a qualquer momento. Você sempre pertencerá a este lugar. Esta é a sua casa”.

A quietude e a força do rio representavam a calorosa acolhida da minha cidade natal e a expectativa por novos começos. Eu abracei plenamente esse insight e continuei sendo eu mesma. Comecei a compartilhar consistentemente o que havia aprendido com minha própria comunidade, empoderando a juventude a expressar seus próprios sonhos para nosso clima e meio ambiente. Eu estava fluindo como o rio à medida que aumentava minha autoconsciência sobre os caminhos que eu podia seguir (e os que eu criaria quando nenhum deles estivesse à vista).

Início de junho de 2019. À medida que o futuro se desenrolava e após inúmeras candidaturas a empregos, eu disse ‘sim’ a uma oportunidade de pesquisa em Bogotá, Colômbia. Era o horizonte se expandindo mais uma vez, levando-me mais perto do meu objetivo de preencher a lacuna entre a ciência ambiental e a política na América Latina. O Reino Unido, o Brasil e a Colômbia tornaram-se minha casa em 2019 porque aprendi a olhar para dentro de mim primeiro e a me manter fiel à minha própria jornada. E a jornada não parou por aí: subi as montanhas para conduzir meu trabalho de campo com comunidades locais na Bolívia; fui até o nível do mar para reuniões de trabalho na Suécia; participei de processos de inovação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com jovens transformadores em Shenzhen, na China. Abracei a mudança e viajei não apenas para conhecer novas realidades, mas para conhecer a mim mesma de uma forma mais profunda.

Cena 3: Paisagens e interculturalidade como denominadores comuns

Tocando meus pés nas águas de Floripa. Crédito da foto: Marli Coleoni.

Agora com meus pés tocando as águas da ilha de Floripa, lembrei-me de uma carta que um amigo querido me escreveu uma vez após nossa viagem às Montanhas Rochosas no Colorado, EUA: “Temos mais em comum do que as pessoas normalmente percebem. As nações do mundo são desenhadas com linhas imaginárias nos mapas, enquanto as paisagens são contínuas”. Não podia concordar mais — meus encontros com novas paisagens e culturas eram os denominadores comuns das ‘idas e vindas’, dos ‘apegos e desapegos’ da minha vida. Eles me conectaram a possibilidades além daquelas linhas imaginárias desenhadas nos mapas. Eles incutiram em mim um forte senso de pertencimento, transformando lugares desconhecidos em novos lares e rostos desconhecidos em amizades para toda a vida. Esses encontros me fizeram quem sou hoje: uma cidadã global, uma artista de novos começos, uma aprendiz ativa que coleta momentos em cada passo da jornada, onde quer que essa jornada me leve.

[1]Na língua Tupi-Guarani, Piracicaba significa “o lugar onde o peixe para”. É uma referência às quedas do Rio Piracicaba, que bloqueiam a migração (piracema) dos peixes.

Qual é a sua lição de vida?

Escrever minha lição de vida foi sem dúvida uma jornada de autoconhecimento e gratidão. Minha mente revisitou paisagens, rostos, fotos, cartas, desenhos e esboços, conversas e memórias compartilhadas nas redes sociais para entender os caminhos que levam à sabedoria. Devo dizer que este foi um dos momentos mais gratificantes de 2020 — compartilhar essa história de sabedoria com o mundo junto com centenas de pessoas de várias nacionalidades (e ter a oportunidade de convidar outros a fazer o mesmo). Ao compartilhar minha história, sinto-me mais conectada à nossa humanidade, aos nossos sonhos e às nossas aspirações coletivas. É um lembrete de que cada passo da jornada importa e que todos nós chegamos até aqui porque somos uma combinação do nosso passado, do nosso presente e do ‘por vir’. Regiões geográficas, emoções, resultados, descobertas, valores, motivações e relacionamentos me levaram até onde estou agora, e tudo isso me inspira a continuar explorando e vivendo ao máximo em cada estação da minha vida. Convido você a respirar fundo, fazer uma pausa por um momento e perguntar a si mesmo: “Qual é a minha lição de vida?”. Ao embarcar em um novo ano, você pode se surpreender com quantas maravilhosas lições de vida você já coletou. Talvez você ainda não tenha se dado conta disso.

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Cláudia Coleoni
Cláudia Coleoni

Written by Cláudia Coleoni

A global citizen who believes in the transformative power of education and traveling. An active learner, passionate about sustainability and interculturality.

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